“No meu tempo era muito melhor e nada disso acontecia”. Quantas vezes não escutamos comentários assim sobre a sociedade atual? Entretanto a conversa nunca parece acontecer quando o assunto é alimentação. As facilidades da vida moderna com alimentos industrializados e prontos para consumir parecem apagar a saudade do passado, que surge quando o tema é segurança, relacionamento ou educação.
No passado a alimentação das pessoas era bastante simples. Os carboidratos utilizados eram basicamente complexos, ou seja, provinham de alimentos com alto teor de fibra e baixo índice glicêmico. A maioria das preparações eram assadas e preservavam a qualidade nutricional, o que proporcionava uma digestão bem lenta. Tudo isso evitava o acúmulo de energia e gordura, mantendo por mais tempo a saciedade. O açúcar consumido era o mascavo, pois o refinado tinha alto custo e era reservado para as visitas.
Os vegetais eram sempre fresquinhos e sem agrotóxicos. As carnes e aves eram criadas nas próprias fazendas, sítios, aguardando o tempo de crescimento e maturação normal do animal, sem a exposição de estresse como hoje é realizado. Os temperos utilizados à base de ervas sempre frescas. Frutas colhidas no pé, consumidas diariamente.
Também não podemos deixar de falar que as pessoas eram bastante ativas. Levantavam muito cedo, andavam muito a pé e faziam muita força, pois o trabalho era basicamente braçal. As mulheres, por exemplo, lavavam roupas nos rios e as torciam na mão, sem a ajudante famosa da atualidade a “máquina de lavar”. Passavam roupa em ferro à brasa e cozinhavam em fogão à lenha. E por ter um dia bastante exaustivo e sem a luminosidade dos aparelhos eletrônicos como são utilizados hoje, dormiam muito cedo e assim mantinham a rotina metabólica do seu organismo.
Atualmente, a nossa alimentação foi gradativamente substituída por produtos alimentícios ultraprocessados de preparo instantâneo, tais como steaks, hambúrgueres, salsichas, massas de preparo ultrarrápido com temperos artificiais, sucos de caixa e em pó com alto nível de corantes e conservantes, refrigerantes. O açúcar refinado, hoje de fácil acesso, é muito consumido tanto nas preparações de adição (sucos, café, chás) e nas sobremesas, que hoje são consumidas no lugar das frutas. Esse fato resulta numa alimentação com excesso calórico, alta ingestão de açúcar simples e gorduras modificadas.
Estudos revelam que principalmente nos últimos cinquenta anos foram observados alterações na qualidade e quantidade da dieta dos brasileiros associadas às mudanças no estilo de vida da população como sedentarismo e alto nível de estresse. Diversos fatores tentam explicar essa modificação do padrão alimentar, tais como migração da população rural para a cidade, inserção da mulher no mercado de trabalho e a pressa cotidiana que consequentemente aumenta o consumo de industrializados e induz a refeições rápidas, chamadas de fast food.
Essa alteração do padrão alimentar brasileiro leva a um aumento de casos de obesidade, doenças cardiovasculares, mostrando que devemos resgatar hábitos alimentares do passado ou até mesmo tentar adequar as nossas rotinas e utilizar a menor quantidade de alimentos industrializados.
Dê preferência a alimentos frescos e preparados em casa. Toda vez que puder, lembre-se do exemplo que seus avós podem dar para uma alimentação mais saudável!
Este texto foi escrito com a orientação de nutricionistas integrantes da Comissão de Especialidade Associadas da SBCBM.
Via SBCBM – Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica
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