Obesidade e apneia: existe relação?

Por Michelle Nery, fisioterapeuta do IMOC

A incidência de obesos que apresentam apneia obstrutiva do sono é bastante alta na prática clínica. Mas, afinal, o que é apneia?

A apneia é definida como uma interrupção transitória da passagem de ar pela garganta, por um período superior a dez segundos. Sempre associada ao ronco, produz uma diminuição rápida da oxigenação sanguínea. Na tentativa de restabelecer a oxigenação, o organismo envia um “sinal” ao cérebro despertando-o por tempo suficiente para que consiga desobstruir a garganta. Ou seja, ocorre um microdespertar que o indivíduo pode não perceber e nem se lembrar no dia seguinte.

Um dos fatores de risco para a apneia obstrutiva é a obesidade. No indivíduo obeso, a gordura depositada no tórax e no pescoço modifica o funcionamento da parte respiratória, uma vez que pulmões, diafragma e garganta ficam pressionados e têm sua movimentação comprometida. Quanto maior o percentual de gordura nessas regiões, maiores as possibilidades do indivíduo desenvolver a apneia obstrutiva do sono.

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Fonte: http://www.sbh.org.br/geral/sbh-na-midia.asp?id=317

Dentre os principais sintomas da apneia estão o ronco e a sonolência diurna, esta última, explicada pelas interrupções do sono causadas pela falta de oxigênio. Outros sintomas da apneia são: acordar com sensação de sufocamento, ofegante; sentir boca seca ou dor de garganta pela manhã; dificuldade de concentração e irritabilidade.

A apneia pode ser detectada somente através do exame de polissonografia, mas o quadro clínico do paciente serve como dica para que o profissional especializado solicite esse exame e oriente o paciente sobre os riscos e tratamentos disponíveis.

Importante ressaltar que este é um problema grave e que pode mudar a vida do paciente, pois contribui para o desenvolvimento de certos transtornos que podem colocar a vida em perigo. Entretanto, tem tratamento, que pode ser clínico ou cirúrgico, dependendo da gravidade de cada caso.

O tratamento conservador mais utilizado atualmente para a apneia obstrutiva do sono é o uso do CPAP nasal, que consiste em uma máscara utilizada na face ligada ao aparelho compressor de ar. A indicação do CPAP varia conforme o grau da apneia identificado no exame de polissonografia.

Com o tratamento, a respiração adquire um ritmo regular, os roncos diminuem ou até mesmo acabam, a qualidade do sono melhora e o paciente fica mais disposto para realizar suas atividades diárias.